6 de novembro de 2010

A Vida Inteira Pela Frente: o petisco-rock de sábado do Acidente

Mêu Páu de Sêbo - Pega Varetas

Hoje eu trouxe para a alegria dos milhares de dois ou três leitores do Blog do Lobo, "A Vida Inteira Pela Frente", uma das melhores músicas gravadas pela banda independente de rock Acidente. Composição de Paulo Malária e publicada em 2003 no CD "Pega Varetas - Mêu Páu de Sêbo": Espero que você curta a curta entrevista com o autor, mais abaixo!


A Vida Inteira Pela Frente
Paulo Malária

Amanhã nada vai mudar
Um de nós pode não voltar
Não importa, vocês todos têm
A vida inteira pela frente

Se a desgraça sobrevier
É que alguém fez por merecer
Para nós pode estar reservado
O prazer, a alegria

E o horror
De um dia não chegar em casa
O horror
De um dia ao chegar em casa
Saber
Que se reúne em sua casa
O mal

Como o mal não enxerga bem
Sobre nós pode recair
Importante por isso é viver
O dia de hoje intensamente

Amanhã nada vai mudar
(Nada vai mudar)
Um de nós desaparecerá
Não importa, vocês todos têm
A vida inteira pela frente
Não importa, vocês todos têm
A vida inteira pela frente

Paulo MaláriaPerguntei pro amigo Malária (foto) o que ele poderia dizer sobre essa música, para publicar no Blog do Lobo e ele respondeu que a compôs em algum momento no final dos anos 70, época em que a barra começava a ficar pesada. "- Gravei mas jamais pensei em tocá-la ao vivo, por ser uma música difícil de cantar, já que requer uma extensão vocal de várias oitavas. No estúdio saiu sem problema, mas ao vivo pode ficar complicada". 

"Mostra o início da síndrome do pânico que, com o tempo, veio a se tornar minha companheira inseparável de todos os momentos. Faço de conta que ela não existe porque não adquiri um padrão de vida que me permita ficar trancado dentro de um espaçoso palácio esperando a morte chegar. Quem não trabalha não come e é preciso sair à rua, dar a cara à tapa. Só que os tapas são cada vez mais frequentes e violentos. Esta música prova que pra alguma coisa serve ser brasileiro", diz o compositor e finaliza dizendo que "jamais poderia te-la composto - ao menos não com esta letra - se vivesse na Austrália ou Nova Zelândia".

3 comentários:

  1. Paula4:20 PM

    Eu adoro essa música !

    Quanto as considerações finais do Mala digo : Mas viverá iinho, aliás viveremos !!! Já tem uma indo :) , quem sabe não seremos os próximos.

    Bjs !

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  2. Paulo Malária2:30 AM

    Grande brother Scubi! Deixei um recado na lista do Aça no Yahoo dizendo que a janela com o video da música não estava aparecendo. mas agora está!

    Obrigadão por ter divulgado mais esta composição que, agora me lembro bem, pertence à série de 1977, quando a Banda Só Por Uma Noite tinha acabado de acabar e eu conjuminava o que viria a ser o Acidente: tudo do contra, desde o nome da banda até as letras das canções. Fazem parte desta safra algumas já gravadas, como "Bate Com Força", "Hallellujah" e outras tantas que me fogem à lembrança no momento, e ainda várias inéditas como "Eu Sou Boçal" ("eles querem que eu seje/ um intelectual...").

    Nesta época começava-se a se falar em assalto no Rio. Recordo que o Zeca certa vez viu um paulista que tinha vindo de Campinas com a família assistir a um jogo da Ponte Preta ser assassinado por bandidos na saída do Maracanã. Na verdade, não sei se os assaltos começaram só aí, ou se já existiam antes, desde sempre, mas eram censurados pelos milicos para nos fazer crer que vivíamos numa "ilha de tranqulidade" e nada de mal nos aconteceria se não nos metêssemos com política; e aí, a censura é que brochou e permitiu que crimes hediondos como este fossem noticiados e ganhassem as manchetes dos jornais. Mas o fato é que o Zeca presenciou. E antes, todos nós andávamos pela cidade a qualquer horário, inclusive de madrugada, de ônibus, sem o menor medo.

    O período entre 1974 e 1978 foi uma espécie de divisor de águas quanto ao crime de rua no Rio. Antes era uma coisa rara, que só acontecia com gente muito pobre, geralmente em subúrbios distantes, ninguém que se conhecesse. Tragédias anônimas de um universo paralelo que jamais seria o nosso, e viravam chacota na "Patrulha da Cidade", misturadas a prisões por porte de maconha, golpes do vigário e tamancadas entre casais. Depois é que as pessoas que viviam na "ilha de tranquilidade" perceberam que a porta do matadouro tinha sido aberta e ninguém mais estava a salvo.

    Abração.

    Iinha, iremos sim! Mas cada vez que eu passo pela Linha Vermelha, Avenida Brasil, fico pensando: conseguirei escapar do mal ou ele me alcançará antes?

    Beijão.

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  3. Brother Mala,
    Li a sua mensagem ontem à noite e julguei melhor aguardar até hoje de manhã para me preocupar com o assunto. Melhor assim, que o problema se resolveu por si. Quanto à publicação da música devo dizer: Bicho, divulgar o Acidente é uma das minhas atividades mais prazeirosas e só não o é mais por questões que não cabem neste comment.
    Eu vi o seu recado na lista do Aça, mas como havia decidido aguardar, não cheguei a responder.
    Cara, essa sua música é demais. Como desde outubro eu não publicava nada do Acidente, achei que estava na hora. Acho que escolhi bem!
    Um abraço e devo dizer que a honra é toda minha em ter você como amigo.
    Um abração!

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